
Na belissima imagem noturna, a berlinda com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré e a Catedral de Belém
No artigo anterior, apresentamos detalhes das duas imagens de Nossa Senhora de Nazaré, Padroeira da Amazônia e do Pará: a imagem autêntica e a imagem peregrina, que é a levada em procissões durante o Círio de Nazaré, um dos pontos altos do turismo religioso no Brasil. No entanto, o Círio de Nazaré incorporou uma série de outros símbolos e tradições ao longo de seus três séculos de tradição. Desta vez, abordamos dois importantes símbolos da festa religiosa que reúne anualmente em Belém mais de dois milhões de fiéis. Vale a pena conhece-los melhor: 
Exposição de mantos no Museu de Arte de Belém
Manto 
Imagem peregrina com o manto do Círio de Nazaré de 2013
De acordo com a lenda a respeito do achado da imagem da Virgem de Nazaré, ela já estava com um manto quando foi encontrada pelo caboclo Plácido. Essa tradição foi mantida e, ao longo dos anos, ela foi ganhando vários outros mantos, doados pelos seus devotos. Em 1953, a imagem autêntica recebeu um manto bordado com ouro e pedras preciosas, durante o 6º Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Belém, ocasião em que também recebeu a Coroa Pontifícia. A confecção dos primeiros mantos é atribuída à irmã Alexandra, religiosa da Congregação das Filhas de Sant’Ana, do Colégio Gentil Bittencourt, em Belém. Desde que começou até sua morte, em 1973, ela confeccionava o manto e o promesseiro (pagador de promessas) doava o material. Depois disso, quem assumiu a missão foi a sua ex-aluna e ajudante, Esther Paes França. Até 1992, ela já tinha feito 19 mantos. Daí em diante, vários católicos passaram a confeccionar o manto. Até o ano de 1998, a doação do manto era guardada em sigilo e sempre fruto de promessas feitas a Nossa Senhora de Nazaré. Depois disso, estilistas famosos também passaram a desenhar e confeccionar os mantos a cada ano. 
A berlinda na festa do Círio de Nazaré
Berlinda 
A imagem de Nossa Senhora de Nazaré dentro da berlinda na festa do Círio de 2013
Berlinda é o nome dado a uma vitrine de madeira e vidro dentro da qual é carregada a imagem da Virgem de Nazaré na procissão do Círio. Ela começou a fazer parte da procissão a partir de 1855, substituindo uma espécie de carruagem puxada por cavalos ou bois, chamada de palanquim. Neste mesmo ano, com a necessidade da berlinda ser puxada pelos fiéis para vencer um atoleiro, os animais foram substituídos por uma corda, que foi emprestada às pressas por um comerciante e, depois, incorporada à tradição do Círio. Ainda assim, foi mantido o costume da imagem ser carregada no colo de autoridades da Igreja. Em 1880, o Bispo Dom Macedo Costa mandou fazer uma berlinda que levasse a imagem sozinha. Em 1926, a berlinda foi transformada em andor e assim saiu até o Círio de 1930. No ano seguinte, ela voltou ao seu formato original, sendo puxada pelos fiéis através da corda. A berlinda atual já é a quinta da história da celebração e foi esculpida em estilo barroco usando cedro vermelho no ano de 1964 pelo escultor João Pinto. O teto é revestido internamente com cetim drapeado e pingentes de cristal. No centro, um dispositivo especial permite fixar a imagem para que possa ser transportada em segurança. Para melhor visibilidade, nos últimos anos a berlinda ganhou iluminação própria. Na véspera do Círio de Nazaré, ela é ornamentada com flores naturais e instalada sobre uma carreta com pneus, que na procissão é puxada pela corda conduzida pelos devotos. Crédito: texto adaptado do site do Círio de Nazaré (www.ciriodenazare.com.br)