Falta menos de um mês para a celebração da festa do Círio de Nazaré, que acontece no dia 14 de Outubro, domingo, em Belém, capital do Pará.
Celebrado há mais de 300 anos, o Círio é a maior festa religiosa da região Norte do Brasil, reunindo quase dois milhões de fiéis para dar graças a Nossa Senhora de Nazaré.
Também conhecido Círio de Nossa Senhora de Nazaré, o tradicional evento de turismo religioso é dividido em diversas celebrações que começam na sexta-feira e terminam no domingo com a procissão que percorre um trajeto de 4,5 quilômetros até a Praça Santuário, em frente à Basílica de Nossa Senhora de Nazaré.
Três séculos de devoção à Virgem Maria
A devoção à Nossa Senhora de Nazaré no Pará começou no ano de 1700, quando o caboclo Plácido encontrou uma imagem da Virgem no igarapé Murutucu – onde hoje é a travessa 14 de março, em Belém.
Levou a imagem para casa, mas, misteriosamente, ela retornou ao local onde foi encontrada.
O fato se repetiu várias vezes e Plácido decidiu construir uma pequena capela no lugar do achado, onde milhares de viajantes e romeiros vinham em busca de graças e milagres da santa.
Mas foi somente nove décadas depois que tanta devoção deu origem ao Círio de Nazaré.
A procissão foi realizada pela primeira vez como pagamento de uma promessa. Era 8 de setembro de 1793, uma quarta-feira.
Naquele ano, o governador português Francisco Coutinho, impressionado com as romarias à ermida de Nazaré, decidiu organizar uma festa pública para divulgar essa devoção.
Toda a população do interior foi convidada para uma grande feira, onde as pessoas iriam expor seus produtos da lavoura, além de participar de um fascinante evento religioso.
Às vésperas da festa, o governador adoeceu. Prometeu à Virgem que se melhorasse iria buscar a imagem na ermida para levá-la até o Palácio do Governo, onde faria celebrar uma missa.
E que, em seguida, a traria de volta em romaria.
Recuperado, o governador cumpriu sua promessa e assim se iniciou a maior procissão religiosa do Brasil, nas ruas de Belém.
Até o início do ano 1900, a grande procissão acontecia em setembro. Hoje, é realizada no segundo domingo de outubro.
O percurso também era diferente, pois inicialmente saía da capela do Palácio do Governo em direção à ermida no Igarapé Murutucu.
Em 1882, o bispo Dom Macedo Costa decidiu que o ponto de partida seria a Catedral.
As ruas de Belém não eram asfaltadas e viravam grandes atoleiros com as cheias da baía de Guajará, que banha parte da cidade, em especial a área onde passa a procissão.
Por causa disso, a Berlinda com a imagem da santa era puxada por bois, que precisavam do reforço de uma corda num desses atoleiros.
No século XX, os bois foram retirados da procissão porque começaram a oferecer risco para os fiéis que acompanhavam a imagem, mas a corda permaneceu e se tornou um dos principais símbolos da festa de Nazaré.
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