Um toque pessoal

Santuário Nacional Aparecida à noite - Viagens de Fé

Quando fui inspirado a criar a Viagens de Fé, procurei não fazer um trabalho muito pessoal.

Tomei cuidado para não imprimir um tom muito personalista e fiz o máximo possível para deixar a palavra “eu” em último plano.

O que veio ao meu coração foi divulgar o turismo religioso em todas as suas formas e da maneira mais isenta possível.

Por isso, para falar de peregrinações, caravanas, destinos religiosos,  festas religiosas e outros assuntos relacionados, optei pelo formato de revista eletrônica e não pelo de diário eletrônico adotado pelos blogs.

Procurei ser mais jornalista e menos a pessoa física, até para não deixar o lado pessoal interferir no que é publicado.

Isso ajudou a não “pendurar a toalha” ante a falta de anunciantes para fazer frente às despesas ou de apoio para as coisas mais corriqueiras, como uma visita a um destino religioso. 

E confesso que não foram poucas as vezes em que essas dificuldades recorrentes fizeram essa ideia passar pela minha cabeça.

No entanto, por mais desanimado que estivesse, nunca tomei coragem para desistir.

Não consigo explicar com clareza qual foi a razão dessa falta de coragem, mas desconfio que talvez tenha sido a leve suspeita de que continuar publicando a Viagens de Fé seja uma minúscula contribuição para ajudar alguém a encontrar Deus ou a renovar e fortalecer a sua fé.

A esse respeito, me lembro de ter ouvido o Monsenhor Jonas Abib, fundador da comunidade Canção Nova, dizer sobre a sua missão que “se [com esse trabalho todo] uma só alma tiver sido salva tudo – tudo mesmo – terá valido a pena”.  Me lembro dessa frase e continuo seguindo em frente…

No entanto, uma experiência que vivi este ano acabou se refletindo no rumo que eu havia traçado para a Viagens de Fé.

A eleição do Papa Francisco e a sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude me animaram a fazer a cobertura de perto.

Por algum motivo, na hora de fazer o credenciamento para a cobertura jornalística, fiz tudo direitinho para credenciar a Laila, nossa repórter, mas acabei deixando para fazer a minha noutra hora e – para encurtar a estória – perdi o prazo de credenciamento.

Não preciso dizer o quanto fiquei decepcionado com a minha falha, você pode facilmente imaginar. 

O Papa Francisco iria estar ali, pertinho, e em vez de poder fotografa-lo e ficar mais perto dele, eu iria ficar atrás dos cordões de isolamento, a terceira, quarta, quinta pessoa depois da corda. 

Normalmente, eu teria desistido. Confesso que não me sinto bem no meio de multidões. Não gosto de aglomerações, apertos, empurra-empurra, pisões nos pés, cotoveladas, filas, enfim, nada do que normalmente acontece quando milhares e milhares de pessoas se reúnem.

Definitivamente, não me sinto bem. É um mal estar físico e mental que acaba me irritando e tirando do foco.

Então, sempre que possível, evito me expor a esse tipo de situação.

Desta vez, no entanto, foi diferente. Resolvi fazer do limão uma limonada.

Defini que a Laila iria ao Rio e que iríamos os dois a Aparecida cobrir a visita do Papa Francisco, ela “do lado de dentro” e eu junto com os outros fiéis.

No fim, quase tudo saiu como planejado: animada e solidária, ela também acabou passando a noite toda na fila conosco e só no final da madrugada é que foi para a Sala de Imprensa do Santuário.

Não sei dizer se foi a noite toda na fila, compartilhando com outras dezenas de milhares de fiéis a longa espera no frio e na chuva gelada, mas depois dessa experiência alguma coisa mudou em mim. Foi extremamente cansativa, confesso.

E ao mesmo tempo, foi imensamente gratificante.

Foi uma vigília cheia de emoções boas e ruins, desde ver o Papa Francisco de perto e testemunhar o seu sorriso sincero e olhar penetrante, até ter a mochila aberta por algum oportunista no meio da multidão e, mais tarde, a carteira perdida e logo devolvida por uma boa alma. 

Foi uma experiência marcante e enriquecedora em muitos sentidos. Dou graças a Deus por ter permitido que eu passasse por tudo isso, pois aprendi muito com ela. E mudei.

Desde então, ficou muito claro que não basta participar: aprendi que – antes de mais nada – uma viagem religiosa precisa ser vivida e cheguei à conclusão que talvez o melhor formato para compartilhar as minhas emoções seja o do blog.

Portanto, de agora em diante o estilo de diário pessoal passa a integrar a Viagens de Fé e esta postagem inaugura o nosso blog. 

Aqui, vou tentar um pouco do que estou sentindo e pensando, deixando um pouco de lado o jornalista e permitindo que o ser humano aflore.

Espero que você me acompanhe nessa jornada!

Amadeu Castanho

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