Turismo religioso numa perspectiva eclesial

O ano de 2021 está sendo cheio de esperança nos mais diversos campos, apesar da dramática situação da pandemia. Já começamos a ver uma luz no fim do túnel com o crescente numero de imunizados. O turismo, um dos setores mais prejudicados nesse tempo, começa a ganhar impulso e retomar suas atividades. Mas esperamos que a pandemia tenha ajudado o mundo do turismo a retornar mais consciente de seu papel na sociedade, cuidado da casa comum e promovendo a fraternidade.

Nesse sentido a Pastoral do Turismo (PASTUR) entra na dinâmica da Igreja e envolve-se na preparação da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Oportunidade de tirar da estante de livros lidos o Documento da V Conferência Geral do CELAM e revigorar nossa missão inspirados no tema da Assembleia Eclesial “Somos todos Discípulos Missionários em saída” nesse horizonte estaremos em breve lançando o marco histórico e pastoral da PASTUR no Brasil, para que nossa saída missionária seja mais coerente e em comunhão.

A Assembleia irá acontecer no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, um dos maiores centros de peregrinação do mundo e portanto um dos destinos do turismo religioso.

Uma excelente oportunidade para pensar o Turismo Religioso como caminho de evangelização e, portanto, de promoção da vida. A reflexão deve acontecer a partir da Igreja, num olhar que alcance todas as realidades do mundo do turismo, pois “não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no coração da Igreja” (GS 1).

Importante salientar que o turismo religioso numa perspectiva eclesial deve seguir as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019 a 2023) que tomando por base os quatro pilares, preocupa-se com o ser humano tocado pelo turismo – turistas, trabalhadores do turismo e comunidades receptoras – e com a preservação do patrimônio ambiental e cultural em primeiro lugar.

Duas instâncias são chanceladas para levar a cabo a articulação do pensar e agir eclesial no que tange o turismo religioso.

Por um lado, a Pastoral do Turismo. Seus agentes devem estar integrados na Pastoral Orgânica da CNBB, buscando evangelizar com novos métodos e novas expressões as pessoas envolvidas na prática do turismo, tanto aquelas que se deslocam pelos mais variados motivos, como as que estão envolvidas em todo processo. A missão da Igreja nesse âmbito consiste, justamente, em dar um rosto humano e valores cristãos ao Turismo.

A PASTUR quer estreitar laços e promover ações com a Pastoral dos Santuários e Romarias, através do Conselho de Reitores de Santuário do Brasil, a principal instância aglutinadora do que é pensado e executado no âmbito do turismo religioso no Brasil.

PASTUR e Conselho de Reitores são, assim, os braços da Igreja no Brasil, sob a chancela da CNBB, que abraçam o imenso horizonte dos peregrinos, profissionais do turismo e comunidades acolhedoras para aprimorar o turismo religioso como uma oportunidade de encontro com Deus e com o irmãos.

Escutar a voz da Igreja através das instâncias articuladoras propostas pelos pastores, rezar, pensar e promover o Turismo Religioso e, para além do específico, o turismo como um todo numa dimensão humanizante e humanizadora, para anunciar Jesus Cristo em todas as realidades, deve ser a decisão de todo cristão batizado. Caminhando juntos, em chave sinodal, sigamos, na história, rumo ao Santuário definitivo, a Jerusalém Celeste.

Dom Irineu Roman
Arcebispo de Santarém (Pará)
Bispo Referencial da Pastoral do Turismo (Pastur)