Turismo religioso

Museu de Arte Sacra de São Paulo mostra o custo do progresso e do descaso

Pedaços de demolição e objetos de duas coleções revelam em São Paulo  fragmentos sacros históricos que remetem à arte e à arquitetura de igrejas destruídas pelo progresso e pelo descaso.

Miniatura de altar - Museu de Arte Sacra de São PauloUma das atrações de turismo religioso da capital paulista, o Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP apresenta no período de 18 de setembro a 20 de novembro de 2016 uma nova exposição, denominada Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra de São Paulo.

A instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo vai apresentar 300 fragmentos oriundos de demolições de catedrais, igrejas e capelas brasileiras.

São objetos valiosos, pedaços de desmanche das construções, pinturas, obras de arte e santos feitos por mestres santeiros reconhecidos.

No início do século modernista, os registros demonstram que a demolição das igrejas coloniais no centro antigo de São Paulo era quase uma rotina, assim como no interior e em estados como Bahia e Rio de Janeiro.

Foram demolidas a Sé, as igrejas do Pátio do Colégio, São Pedro dos Clérigos, Misericórdia, além dos conventos Carmelita, Beneditino de Santa Teresa e dos Remédios.

Coleção de Arte Sacra de Rafael Schunk

Azulejos - Museu de Arte Sacra de São Paulo

Constituída a partir do final dos anos 1990, a Coleção de Arte Sacra de Rafael Schunk enfatiza produções artísticas do período bandeirantista a partir do século XVII, desde o surgimento da arte barroca brasileira até suas ramificações na cultura caipira, com permanência de arcaísmos até a modernidade.

São, na maioria, fragmentos oriundos de catedrais do interior de São Paulo, como da antiga catedral de Taubaté, de Pindamonhangaba, da Basílica Velha de Aparecida, de Queluz e de Bananal.

Um dos destaques é o conjunto de 60 azulejos da Osirarte, oficina que desenvolveu trabalhos para inúmeros edifícios públicos, a exemplo do MEC-Rio e representou a tradição da azulejaria brasileira desenvolvida no período moderno.

Os azulejos das coleções do MAS/SP e de Schunk, apresentam esta importante técnica, tão apreciada pelos portugueses.

Imagens religiosas

Outro destaque são as esculturas em terracota de pequenas dimensões de frei Agostinho de Jesus (1600/ 1661) e os denominados santos paulistinhas.

O acervo de Schunk conserva obras de grandes artistas nacionais do período colonial e imperial, tais como frei Agostinho de Jesus, Mestre de Itu, Mestre do Cabelinho em Xadrez, Mestre Valentim da Fonseca e Silva, José Joaquim da Veiga Valle, Dito Pituba, Dito Luzia e santeiros populares do Vale do Paraíba.

Soma-se a esta rica diversidade um conjunto de tocheiros, mísulas, oratórios e palmas de altar originários do Vale do Paraíba e Tietê.
As obras, de culto coletivo e doméstico, representam a diversidade da arte sacra produzida em terras de bandeirantes, índios e jesuítas.

Algumas pinturas de tradição cusquenha enfatizam a ligação e intercâmbio de São Paulo com os castelhanos da América Espanhola.

A presença e reconhecimento de um fragmento advém da nossa maneira cultural de reverenciar o passado e nele encontrar um elo perdido dentro da História, e também nos ajuda a compreender a importância de ruínas”, explica o curador da mostra, Percival Tirapeli.

Em 1943, uma obra prima do Mestre Valentim, a igreja de São Pedro do Clérigos, no Rio de Janeiro, foi destruída para a abertura da avenida Presidente Vargas.

As partes oriundas daquele desmanche são pontos de partidas para a reflexão sobre os fragmentos presentes tanto em coleções particulares como nos acervos de museus.

Na coleção de Schunk estão a cabeceira de cama e dois anjos. No MAS/SP, ficaram os dois anjos voantes, a Verônica e o entalhe do rosto de Cristo.

O diálogo entre os fragmentos de ambas as coleções proporciona um olhar mais agudo sobre as partes de ornamentos que, desmembrados de sua totalidade, geram novas investigações sobre a técnica, o estilo, o douramento, constituindo assim um documento que é parte integrante de nosso patrimônio sacro”, diz Percival Tirapeli.

 

Exposição: Fragmentos: coleções de Rafael Schunk e Museu de Arte Sacra de São Paulo
Curadoria: Percival Tirapeli
Número de obras: 300
Abertura:17 de setembro, sábado, às 11h (às 13h, palestra seguida de bate-papo com o curador Percival Tirapeli sobre a exposição)
Período: 18 de setembro a 20 de novembro de 2016
Local: Museu de Arte Sacra de São Paulo
Endereço: Avenida Tiradentes, 676 – Luz, São Paulo | Metrô Tiradentes
Tel.: (11) 3326.3336 – agendamento de visitas monitoradas
Horário: Terça a domingo, das 9h às 17h
Ingresso: R$ 6,00 (estudantes pagam meia entrada); Grátis aos sábados. Isentos: idosos acima de 60 anos, crianças até 7 anos, professores da rede pública (com identificação) e até 4 acompanhantes

Leia também: Túmulos de dois santos são visitas imperdíveis em São Paulo

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